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Quem controla os controladores? Lições sobre confiança de um lançamento de um jogo bugado


Antes de você começar a ler, saiba que vou contar de um causo que tem a ver com a área de tecnologia. E mesmo que sua empresa não seja da área, eu te convido a ler e pensar no seu ramo, da importância de validar seus fornecedores, principalmente aqueles que vão impactar no funcionamento do seu produto ou serviço.


Fiquei pseudo chocado esse final de semana, lendo uma matéria no site Tec Tudo, contando que um super aguardado jogo chamado Cyberpunk 2077, chegou para seus fãs/clientes/usuários cheio de bugs, ou seja, de erros que impediam o progresso do jogador.


Mas o choque não foi por causa somente disso, mas pelo motivo que isso aconteceu. Ao que parece, a fabricante do game contratou uma empresa terceirizada para efetuar os testes do jogo e a empresa... não fez direito! Ora, ora, que surpresa! Não, não é uma surpresa boa, nem é 100% ironia essa frase. Mas é que eu sempre me questionei sobre o risco envolvendo esse tipo de contratação. Afinal de contas, "who watches de Watchmen?" (frase tirada do filme "Watchmen" - ou vigilantes, que justamente questiona: quem vigia os vigilantes?).


Estou de volta na área de tecnologia e é pra mim uma preocupação real a questão da validação tanto de dos códigos dos programas como se a sua execução realmente faz aquilo (e somente aquilo) que foi contratado.


Pra mim, tão importante quanto informatizar e automatizar o processo como um todo, quando se contrata um sistema, é informatizar e automatizar a validação da criação e execução dos programas de TI. Automatizar os testes, ter uma forma de saber quais foram feitos e quais foram cumpridos. E pra embasar essa ideia, vou mostrar aonde "pularam" os testes do jogo citado acima. A empresa contratada para realizar os testes teria:


- Exagerado o tamanho do time que trabalharia nos testes do jogo, para manter o contrato;

- Alegado que a maioria da equipe era de sêniores, quando na verdade era de júniores e quase não havia sêniores;

- Inventaram um sistema que prezava pela quantidade de bugs encontrados, não pela qualidade, o que fez focarem somente em problemas pequenos, deixando os grandes, que pararam o jogo, de fora.


Agora, veja só que interessante. Por que uma empresa mentiria dessa forma? Com certeza não está preocupada com reputação nem pensou que voltaria a fazer esse tipo de serviço pra alguém. Por que foi a própria terceirizada que escolheu os seus critérios de qualidade? Porque o contratante confiou demais nessa empresa! Confiou cegamente, de olhos fechados! Pagou pra não ter dor de cabeça! Pagou pra não saber! E quanto isso custou? Bem mais do que o dinheiro que depositou na conta do fornecedor e que provavelmente não vai ter de volta. Custou sua reputação junto ao cliente!


Vê, eu sei que é impossível ver tudo num projeto muito grande. Ou que numa empresa com diferentes áreas e setores, que depende de uma grande diversidade de competências e fornecedores para construir seu próprio produto ou solução, fica difícil pensar em trazer tudo pra dentro de casa e fazer você mesmo cada uma das coisas. É inviável e não é isso que eu acho que precise ser feito.


Mas talvez, devamos responder a pergunta "who watches the Watchment", quem vigia os vigilantes, de uma forma contundente: nosso time de QA. Um time interno, treinado, gabaritado e até comissionado se necessário. Para exigir o cumprimento dos contratos, dos SLAs com fornecedores e principalmente, para validar as entregas. Validar as entregas aliás, é fundamental. Nem que se tenha que formar equipes AD-HOC para isso, juntando grupos sempre que uma nova entrega bater à porta. E principalmente, criando formas automatizadas de gerar massas de testes e validar as evidências de testes.


Que dilema, hein? Que medo que deve ter dado em muita gente lendo isso agora! Eu mesmo fiquei cabreiro. Onde repousa nossa confiança? Como podemos validar grandes volumes de testes? Será que não está na hora de sermos mais realistas com nossos pedidos, para não acabarmos contratando pessoas que mentem que conseguem entregar o que queremos, ao invés de contratarmos aqueles que nos falam a verdade e pedem mais prazo ou verba?


O que você acha sobre isso tudo e como isso se encaixa no seu negócio atual? Deixa seu comentário que eu quero saber.


Abraços,

Paulo Bomfim

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