top of page

Pressa em Julgar: um olhar sobre a forma de avaliar Líderes


Não quero falar sobre a derrota do Brasil, nem sobre o que cada jogador fez de bom ou mal, muito menos estou aqui para avaliar o desempenho do Tite. Mas quero usar esse artigo para falar sobre nós, que corremos para julgar e analisar personalidades inteiras baseados em comportamentos isolados.


Quando o Tite comemorou o gol que o Richarlison fez, junto com a equipe, fazendo a dança do pombo, eu vi muita gente correndo pra escrever textos longos sobre essa atitude, dizendo que liderança é isso! O Líder comemora junto, está com a equipe, e o Tite, por ter feito justamente isso, era um baita líder.


Eu confesso que achei muito bacana essa atitude, porque ela estava ali, evidente, visível. Mas sinceramente, achei muito mais poderosa a atitude de liderança, pelo fato de ele ter conseguido colocar todos os jogadores que ele levou pra Copa em campo. Me lembro de várias vezes que aconteceu de jogadores reservas terem ido e sequer feito aquecimento pra entrar no campo. Uma atitude de líder muito mais poderosa, no sentido de envolvimento com a equipe, que quase ninguém falou a respeito.


O que isso quer dizer? Que as pessoas se baseiam mais no que é escancarado e alegra a elas, do que atitudes que realmente impactam a equipe. Quando avaliarmos a liderança, precisamos ir além do que está aos nossos olhos, nos beneficiando, e perceber os benefícios para as pessoas que estão envolvidas no trabalho. A boa liderança atua para deixar todos felizes e motivados.


Após ser aclamado como um grande líder por comemorar um gol, o Tite executa uma atitude lamentável no momento da eliminação da seleção: no momento da derrota, ele abandona a equipe técnica e o time, e vai direto para o vestiário. Atitude típica de quem erra no trabalho, sabe que vai ser demitido e então, toca o "foda-se". E aí, onde está o grande líder que todos falaram nesse momento? Provando que, na verdade, era um líder tradicional, por não demonstrar fraqueza, por não assumir seu erro, por não ficar ao lado da equipe na hora da derrota, como se assim não fosse ficar marcado por aquele momento.


E o que é pior: como ficam aqueles que já estavam tatuando o nome do Tite no braço, apontando para seus gestores que aquilo sim que era líder e que era ele que deveriam seguir e modelar? Alguns bons resultados e algumas boas atitudes não definem por completo o que é uma pessoa, mas o conjunto de sua obra. Não é só nos momentos de alegria e bonança que identificamos um grande líder, mas principalmente na sua forma de lidar com as adversidades, os próprios erros e com a derrota.


Serve de lição para todos nós. Quem são os exemplos que temos seguido? Quem são as pessoas que estamos tomando por modelo?


Me lembro de uma entrevista com o ator americano Morgan Freeman. O repórter perguntou se ele se sentia bem sendo um exemplo para os homens negros, e ele rapidamente respondeu: "não, eu não sou nada disso! Fico feliz por ser identificado como um bom ator, mas por conta disso você achar que sou uma ótima pessoa e devo ser modelado, isso é muito perigoso. Veja o que aconteceu com Tiger Woods, que por ser um grande golfista, virou modelo de vida, até que sua vida pessoal foi descoberta e mostrou que ele era uma pessoa ruim."


Não podemos deixar levar pela concepção equivocada de que acertos e erros isolados definem quem uma pessoa é. É o conjunto da obra, é aquilo que as pessoas fazem mais vezes que as definem.


Numa entrevista maravilhosa que o ator Will Smith deu recentemente ao apresentador Trevor Noah, falando sobre o fatídico incidente do Oscar (leia meu artigo sobre isso), Trevor comenta que algumas pessoas disseram a ele que, naquele momento, Will Smith mostrou quem ele realmente era, o que ele discordou veementemente. Disse que a vida e a carreira de Will era muito mais que aquilo. Sim, foi um grande erro, foi uma "merda" gigante, como eles classificaram, mas a vida dele não poderia ser resumida por aquilo apenas.


Precisamos aprender a julgar com calma. Conter nossa pressa de avaliar e classificar as pessoas. Não quer dizer que não podemos julgar e classificar certas ações, mas até aí, deixar que isso defina o que cada um é, isso é pura pretensão.


Que sejamos calmos, serenos e bem orientados para avaliar de forma justa o que cada um é ou não é de verdade.


E você, acha que estamos julgando no tempo certo ou também acha que estamos sendo precipitados demais?


Um abraço,


Paulo Bomfim

70 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
Post: Blog2 Post
bottom of page