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Líderes não tem sangue de barata

Atualizado: 30 de ago. de 2023


Artigo - Líderes não têm sangue de barata - por Paulo Bomfim Oficial

Outro dia, eu dei um treinamento para os diretores de uma grande empresa de energia, em Alphaville, onde o próprio presidente da empresa estava presente. O treinamento era dividido em duas partes, na primeira, faríamos uma sessão de coaching em grupo e na segunda, eu daria uma aula sobre feedback, como eles haviam solicitado.


No começo da aula, fiz o que geralmente faço: perguntei o que significava feedback para eles. É uma ótima forma de fazer as pessoas perceberem que cada uma tem uma opinião diferente e também, assim como um ótimo termômetro do que vou ter pela frente. A minha surpresa é que, quem começou a falar foi justamente o presidente da empresa. E não falou pouco: falou por quase 10 minutos! E foi sensacional!


Não porque ele manjava demais sobre o assunto, mas porque ele estava extremamente frustrado com o que vinha passando com suas equipes. Ele, um cara da geração X, que foi criado por baby boomers e cresceu lado a lado com pessoas dessas gerações, estava sofrendo porque seus funcionários de gerações mais novas eram sensíveis demais a feedbacks! Ele me contou como os feedbacks que eles vinham dando estavam gerando desconforto, insatisfação, tristeza, pedidos de demissão e até mesmo alguns processos trabalhistas. E como tudo isso era culpa da forma como as pessoas da nova geração eram incapazes de aguentar o tranco de um feedback.


Quando ele terminou, eu perguntei: "mas você dá feedback ou esporro"? Ele me olhou intrigado. Eu continuei: "porque, apesar do que muita gente pensa, não é a mesma coisa. Não se pode chamar uma pessoa para dar feedback e detoná-la, gritar, xingar, acabar com ela e achar que está tudo bem."


Alguns diretores ficaram com ar de indignados com essa afirmação. Um deles disse: "Mas não dá pra ter sangue de barata! Se alguém faz uma coisa errada, a gente tem que mostrar o que ela fez!" Eu adorei o comentário, era a deixa que eu estava esperando sobre o assunto. Eu emendei: "tem toda a razão. Sabe por que não temos sangue de barata? Porque não somos barata! Somos gente! E gente tem sangue de gente! E sangue de gente tem hora que ferve, tem hora que gela, tem hora que corre e hora que paralisa! "


"Mas o problema não é a temperatura ou velocidade do sangue, mas a nossa reação quando acontecem essas variações! Não é que não temos que sentir: temos sim que sentir, reconhecer e respeitar o sentimento, a emoção. E na hora de agir, ponderar antes, avaliar se o que vai ser feito ou dito aproxima ou afasta dos seus objetivos". Eles consentiram.


É importante que essa dinâmica fique clara: você vai se abalar com as notícias. Com os problemas que surgem, com promoções, crises, oportunidades e ameaças. Você ser impactado por aquilo que acontece de bom ou ruim com os negócios, com as pessoas, demonstra o quanto aquilo é importante pra você. Mas é preciso ir além da própria sensação e do que se pode fazer no calor da decisão.


Para dominar essa situação, dentro da metodologia da Liderança Inovadora, este é o terceiro passo, que chamo de ter um Mindset de Estadista. Existem três passos importantes que um líder precisa tomar para lidar melhor com essas situações e vou listá-las agora.


A primeira é que antes de mais nada, tenha um plano de gestão de riscos. Considere os problemas que podem ocorrer e crie planos de ação que podem evitar que os riscos ocorram e te deixar sabendo o que fazer caso ele ocorra mesmo assim.


A segunda coisa é administrar o impacto. Notícias muito ruins ou muito boas podem te tirar do foco e querer se precipitar. Reconheça a sensação, peça um tempo para absorver e então controle seu estado utilizando sua respiração. Há técnicas simples que podem fazer você se acalmar e recobrar a consciência mesmo diante de situações limite.


Uma vez que você está mais tranquilo para observar a situação, a terceira coisa é analisar o ocorrido, verificar se o que aconteceu. Se for algo esperado, acione o plano que você já elaborou. Caso contrário, lembre-se do seu objetivo e veja se ele ainda é viável de seguir e decida suas próximas ações observando se elas te levarão para perto ou longe do seu antigo ou novo objetivo.


Recomendo muito que você assista ao filme Apollo 13, com Tom Hanks. É um filme voltado para ensinar que tipo de pensamento pode te ajudar diante de uma situação nova e crítica, lidando com centenas de pessoas ao mesmo tempo.


Espero que você possa utilizar essas dicas para liderar melhor as pessoas com quem convive, inclusive você mesmo. Esteja pronto, esteja calmo, decida sempre pelo melhor para todos.


Se você está encontrando dificuldades para conter seu temperamento, ou gostaria de uma ajuda para lidar com situações que requerem uma segunda opinião, uma mentoria individual pode te ajudar a se superar. Clique aqui e solicite uma proposta.


Um grande abraço!

Paulo Bomfim

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