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Como grande líderes resolvem grandes problemas


Uma das atribuições que precisam estar no DNA de um líder, tem que ser a capacidade de resolução de problemas. Um bom líder tem que gostar de problemas, não no sentido fraternal, mas como parte daquilo que justifica a necessidade da sua atuação.


Recentemente, assisti a duas entrevistas que me deram perspectivas muito interessantes sobre diferentes abordagens de líderes diante de problemas. Ambos os exemplos são do ramo cinematográfico e ambos são formas de atuar de diretores.


Na primeira instância, que é internacional, eu vi uma entrevista com o ator Jonah Hill, para o show de Howard Stern. Quando perguntado qual o melhor diretor com quem ele trabalhou, Jonah Hill respondeu instantaneamente: Martin Scorsese. Howard Stern então fez uma pergunta excelente:

Howard: "Por quê Scorsese é tão bom? Explique pra mim como se eu fosse um novato."

Jonah Hill resondeu: "Imagine que você conseguisse fazer o movimento mais complexo do xadrez sem um relógio. Você leva quatro horas para resolver, mas mesmo assim, seria um enxadrista brilhante. Agora imagine que você consegue fazer um movimento mais brilhante que aquele enxadrista, só que em 30 segundos com o relógio marcando."

Howard: "A escolhas dele são rápidas, definitivas e certas!"

Jonah: "O tempo que um diretor brilhante leva, que ainda não está naquele nível, mesmo um diretor muito experiente, para resolver um problema altamente complexo, isso é resolução de problemas altamente complexos, em trinta segundos. Você o vê fechando os olhos e então resolvendo um problema insanamente complexo. "


Na segunda instância, vi a entrevista do ator, produtor e diretor, Lázaro Ramos, ao programa Roda Viva, na TV Cultura, falando sobre sua experiência dirigindo seu filme "Medida Provisória". Quando perguntado sobre sua forma de dirigir, muitas vezes ele respondeu: "eu não tinha todas as respostas. Então, meu trabalho era muito de perguntar, de ouvir as pessoas. De saber as opiniões e ver as coisas com outros olhos, por outros ângulos. Claro que no final, eu que tinha que decidir, mas o processo de tomada de decisão se iniciava de forma coletiva."


Não temos como não comparar e não chegar a mesma pergunta aqui: qual dos dois está certo? Qual dos dois tipos de abordagem é melhor? Antes de responder, quero chamar a atenção para alguns pontos positivos e negativos de cada tipo.


Presenciei uma situação num dos grandes bancos que trabalhei, onde um dos sistemas que eram críticos para os clientes, parou de funcionar. Cada hora que passava com o sistema parado, o banco perdia mais dinheiro em transações e multas pesadas. O trabalho de resolução que começou com apenas os analistas do sistema foi aumentando. Logo o gerente do sistema estava com eles, e até o final do primeiro dia, o superintendente. Os trabalhos duraram a noite inteira e não acabaram. No seguindo dia, apareceu o diretor da área, depois o diretor regional e até o vice presidente. No terceiro dia, o problema ainda pegando e ninguém, de nenhum nível, havia conseguido resolver o problema. Eis que então, chega o presidente nacional do banco pra sentar do lado dos analistas e tratar o problema, que não só não tinha sido resolvido, como acumulava outros problemas sistêmicos por consequência daquele.


Depois de falar com os analistas, o presidente do banco deu seu parecer: montou uma estratégia, passou para os analistas e lá foram eles fazer como ele orientou, pois como ele disse, já havia trabalhado naquele sistema e entendia do assunto muito bem. Os analistas implementaram o que foi passado e as coisas pareciam voltar a andar.


Tive a oportunidade de topar com um dos analistas no café da empresa e comentei: "uau, que show que o presidente conseguiu dar a solução pra esse problema, hein?", ao que ele me respondeu: "Na verdade, a gente só vai fazer o que ele está falando porque ele é o presidente. A solução está errada e vai causar muitos outros problemas, que vão durar mais do que a gente já tem acumulado. Mas a gente vai ter que fazer como ele falou e pronto!"


Ou seja, nem toda solução que parece genial, é de fato genial ou definitiva. Não é porque uma pessoa veio com uma solução, que ela é a melhor. As pessoas muitas vezes se enganam e, por estarem em uma certa posição e se permitirem não ouvir nenhuma opinião que seja contrária às suas vontades, coloca a empresa, sua equipe e a si mesmo em risco. O orgulho e o melindre cobram preços altos daqueles que estão em posições de destaque e liderança.


Por outro lado, numa outra entrevista do programa Roda Viva, dessa vez com a jornalista e apresentadora Fátima Bernardes, ela comentou sobre a importância de ter um time diversificado e com voz. Falou que observa muitas vezes certas peças publicitárias e o quão limitadas elas são, indicando que a equipe é muito provavelmente formada somente por pessoas com a mesma visão de mundo. E como apenas uma conversa com a equipe diversificada teria apontado que aquela campanha, do jeito que foi feita, deixaria muita gente de fora.


Se você me perguntar: "ah Paulo, mas no final das contas, não é o líder que tem que decidir?", vou te responder de pronto que com certeza, sim! Não estou de forma alguma querendo dizer que a tomada de decisão vai ser tirada das mãos do líder, nada disso. Nem acho que o trabalho em empresas privadas tem que ser democrático. Mas o processo de tomada de decisão, os insumos, as informações, os dados, as análises, os riscos, quanto mais se sabe a respeito, mais embasada e melhor tomada é uma decisão.


Por isso, você pode até idolatrar Martin Scorsese pela sua forma de atuar, mas saiba também que isso pode não ser algo que combine contigo. E se for, sugiro começar a tentar fazer uma mudança. Ouvir mais, se permitir divergir do que você quer. Às vezes até ouvir algo meio sem pé nem cabeça, mas que vai te dar novas perspectivas, novos ângulos para te ajudar a fazer o que você faz de melhor.


Como exemplo final, outro dia estava vendo um vídeo de um caminhão gigante carregando uma hélice de uma turbina eólica. A peça era gigantesca. Imaginei o trabalho de planejamento do trajeto antes da peça ser deslocada. E durante todo o trajeto, a peça era acompanhada por carros e batedores, que andavam perto do caminhão a cada grande manobra, para ter certeza que as coisas planejadas estavam indo de acordo, ou que qualquer mudança no trajeto fosse percebida antes que pudesse causar problemas.


Por isso, se você já é um líder ou pensa em se tornar, construa sua liderança em torno e em conjunto das pessoas que fazem seu negócio acontecer. Crie um espírito de colaboração, incentive as pessoas a darem suas opiniões e compartilharem suas visões. Junte tudo e comunique sua decisão e se possível, o que te levou a decidir


Você pode ser a líder ou o líder que faz toda a diferença. E lembre-se sempre: liderar sem ter uma equipe não é liderar. E a sua inteligência é do tamanho das pessoas que compõem o seu círculo. Bota todo mundo pra pensar!


Um abraço,

Paulo Bomfim

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